terça-feira, 12 de agosto de 2008

Capítulo III

Mais um dia… era apenas mais um dia. No entanto não um dia igual aos outros…um dia diferente num lugar diferente. Longe da rotina, da sua casa, do seu trabalho e da sua cidade… longe de tudo e de todos, Maria tinha acordado num lugar distante de casa que ainda não tinha tido oportunidade de visualizar porque chegara já a noite ia alta e o cansaço arrebatador.

Maria, então, abriu a janela e retraiu os olhos… um sol exuberante a feriam de olhar adiante para o horizonte. Uma vez habituados à luminosidade, os seus olhos foram capazes de vislumbrar o lugar que Maria tinha escolhido para salvar o seu livro e o seu futuro.

Olhando em frente víamos um grande areal que nos conduzia a um mar imenso, calmo e sereno. Maria olhou ao seu redor mas pouco mais havia para ver. As habitações ficavam distantes umas das outras o que proporcionava uma maior privacidade para as pessoas poderem desfrutar da beleza daquele lugar de uma forma calma e sossegada.

Sem pensar em mais nada, Maria vestiu as primeiras peças de roupa que lhe surgiram e saltou para o areal para poder estar em contacto com aquele paraíso.

O mar, um ser tão imenso, tão gigante, tão interminável que nos dá tanta calma, tanta paz de espírito e nos faz sonhar. Maria sentia-se em paz como há muito tempo não sentia. Aquele mar e aquele céu azul faziam sentir como se estivesse no paraíso. A brisa do vento acariciava Maria no rosto como se de carícias se tratasse, beijos de anjos que dançam com a brisa do vento e nos fazem sentir purificados interiormente, como se voltássemos a nascer para uma nova vida, sem maldade e pensamentos de destruição. Só e tão somente uma grande vontade de viver e de desfrutar o que a vida tem para nos dar e oferecer.

Todo aquele espaço era tão magnífico que Maria nem deu conta do tempo passar. Já o sol evidenciava alguns sinais de sonolência, como se da sua hora de deitar se tratasse, quando Maria decidiu fazer o caminho de regresso a casa. Cada passo de retorno possuía um sentimento diferente, uma cor diferente… Maria começava a desenhar palavras no seu pensamento, não para o seu livro mas para saciar uma vontade de não apagar aquele momento da sua memória, uma vontade de registar tudo o que viu e sentiu naquela tarde tão efémera e tão cheia de vida e emoção.

Para Maria aquele dia tinha sido o primeiro dia de uma longa historia…

sábado, 26 de julho de 2008

Capítulo II

Maria era mulher sonhadora e todos os seus sonhos a tinham transformado numa escritora de sonhos, de romances de sonho e de relações de sonho repletos de tons rosa e de corações de algodão doce. Toda vida idealizou vários mundos que eram dela, sempre sonhou ser aquilo que não é, sempre quis fazer tudo aquilo que nunca fez. Todas estas impossibilidades e sonhos idealizados apenas a ajudaram a criar vários mundos imaginários e várias personagens que vivem nesses mundos.

Contudo, Maria tinha esgotado o seu lote de personagens, o seu stock de mundos porque, na verdade, todos os seus livros deixaram de fazer sentido para ela. Aqueles mundos não existiam e só os sonhos mais ridículos poderiam criar mundos tão irreais e impossíveis. Maria deixara de acreditar na sua própria escrita, deixara de querer criar mundos para os seus leitores poderem se refugiar. Ela própria queria deixar de viver esses seus mundos imaginários que em nada correspondem ao mundo real. Mas, o mundo real existe e Maria criava os seus mundos para uma editora que não aceitaria esta sua nova realidade.

Contudo, o problema não seria só o facto de Maria deixar de acreditar nos mundos que criava. Deixar de acreditar no que se escreve implica não se conseguir mais escrever da mesma forma e isso implicaria abandonar a escrita, ou pelo menos o estilo de escrita tão característico de Maria.

Maria estava desolada sem saber o que escrever, sem saber o que dizer aos seus superiores como desculpa…sem saber o que fazer para continuar a viver. A pressão era imensa, os prazos começavam a chegar e a inspiração para escrever cada vez mais distante, as palavras teimavam em não responder aos estímulos inspirativos de Maria.

Branco, tudo se resumia a uma página em branco. Não só a escrita de Maria como também o seu pensamento.

Desolada, enraivecida consigo própria não conseguiu encontrar uma solução senão viajar para um lugar distante, talvez um lugar paradisíaco fosse o ideal para avivar a sua vontade de escrever romances cheios de juras de amor e promessas de amor eterno.

E assim fez. Falou com os seus chefes e eles concordaram desde que fosse para o bem da editora e para o sucesso do próximo livro de Maria.

Capítulo I

Mais um dia… é apenas mais um dia! Não um dia de sol, nem um dia de chuva… é apenas mais um dia.

Acordo! Meus olhos percorrem as mesmas paredes todos os dias como forma de reconhecimento de um lugar que não muito mais tem para dar a conhecer. Tudo permanece igual... Nada mudou de lugar. A noite apenas deu lugar ao dia e mais uma noite passou, assim como mais um dia povoado de horas irá terminar e dará de novo lugar à noite. Como a vida se pode tornar tão maçadora… Até o próprio barulho que vem da rua é o mesmo, carros a passar, pessoas a falar da vida dos outros quando na verdade só não querem falar da própria vida porque esta também já não lhes agrada… Como posso eu me encontrar neste estado tão vazio, sinto que nada faz sentido, como se fizesse parte de um puzzle do qual já não faço parte, como se fosse uma peça fundamental a qual do dia para noite deixou de ter lugar para aquele puzzle, deixou de ter as características fundamentais para completar aquele quadro.